Caetano Veloso atiça o desejo musical de cineastas que focam homoerotismo
Cantor está presente com gravação inédita na trilha sonora de ‘Queer’, novo filme de Luca Guadagnino. Caetano Veloso interpreta a inédita canção ‘V...
Cantor está presente com gravação inédita na trilha sonora de ‘Queer’, novo filme de Luca Guadagnino. Caetano Veloso interpreta a inédita canção ‘Vaster than empires’, Trent Reznor e Atticus Ross, na trilha sonora do filme ‘Queer’ Roncca / Divulgação ♫ ANÁLISE ♪ Filme do cineasta italiano Luca Guadagnino, Queer estreia hoje, 12 de dezembro, nos cinemas do Brasil com atrativo a mais para os espectadores nacionais. Trata-se de gravação inédita feita por Caetano Veloso para a trilha sonora do longa-metragem em Guadagnino narra as aventuras homoeróticas de William Lee (Daniel Craig). O cantor interpreta Vaster than empires, composição de Trent Reznor e Atticus Ross, integrantes da banda norte-americana Nine Inch Nails. Reznor e Ross assinam a trilha sonora de Queer, já disponível em disco. Caetano canta Vaster than empires com Trent Reznor em gravação de clima nebuloso, ouvida ao fim do filme. A letra foi escrita com base no romance Queer (1985), do escritor William S. Burroughs (1914 – 1997). O diário de Burroughs originou o filme de Guadagnino. A presença de Caetano Veloso na trilha sonora de Queer joga luz sobre o fato de o cantor brasileiro atiçar o desejo musical de cineastas, sobretudo os que fazem filmes focados no homoerotismo masculino. O mesmo Lucas Guadagnino usou na trilha do filme anterior Rivais (2024) a gravação da canção argentina Pecado (Enrique Francini, Armando Pontier e Carlos Bahr, 1946) feita por Caetano em espanhol para o álbum Fina estampa (1994). Sem falar na relação profissional de Caetano Veloso com o cineasta Pedro Almodóvar. Na trilha do recente curta gay de Almodóvar, Estranha forma de vida (2023), Caetano interpreta o fado Estranha forma de vida (Alfredo Rodrigo Duarte e Amália Rodrigues, 1962) na gravação feita pelo artista para a trilha sonora de Fados (2007), filme de outro cineasta espanhol, Carlos Saura (1932 – 2023). Antes, na década de 1990, o mesmo Almodóvar já recorrera a Caetano na trilha do filme A flor do meu segredo (1995), cujos créditos finais corriam na tela ao som do standard venezuelano Tonada de luna llena (Simón Díaz, 1973) na gravação feita por Caetano Veloso há 30 anos para o álbum Fina estampa (1994). Sete anos depois, ao conceber o filme Fale com ela (2002), o cineasta espanhol criou cena em que Caetano Veloso aparece cantando a composição mexicana Cucurrucucú Paloma (Tomás Méndez, 1954) em registro similar – porém em tom mais íntimo – ao da gravação feita por Caetano para o álbum Fina estampa ao vivo (1995). No Brasil, entre outras incursões pelo universo do cinema, cabe lembrar que Caetano compôs a música Pecado original (1978) para a trilha sonora de A dama do lotação (1978), filme dirigido por Neville d'Almeida com base em obra de Nelson Rodrigues (1912 – 1980). Por ser intérprete preciso, de emoção concentrada e exposta sem melodrama, Caetano Veloso sempre contribuiu decisivamente para as trilhas sonoras dos filmes que trazem a voz do artista, de presença e talento mais vastos do que impérios.